Tuesday, June 9, 2009

Felicidade vazia.


“Ela saiu de casa, escutando suas músicas, repetidamente. Diferente do costume, ela dava passos mais largos, cumpridos, espaçosos e calmos. Sabia que no fundo, algo diferente se passava .

Era seu dia... foi uma escolha dela.
Sabia que ter este poder de escolha, do dia... de como morreria, dava um certo prazer. Um prazer mais calmo que o normal, em meio a agitação que sentia em teus braços.

Por que surgiu essa agitação em seus braços?
Por que ela tem medo de morrer, quando na verdade, até o deseja?

Neste dia quente, sentia seu coração normal. Até que ela parou para observar ao seu redor... existia música do lado de fora. Vinha do mundo que não lhe pertencia naquele dia. O dia que ela escolheu para estar em outra dimensão qualquer. Até que ela decidiu que música ouvir naquela momento. Foi engraado a sensação de apenas olhar aas pessoas ao redor, vê-las mexer suas bocas e não enteder nada. Não era preciso entender.

Era preciso escutar a música que ela tinha dentro da cabeça. Três mundos ao mesmo tempo, tão diferentes.
Quantos mundos ainda teriam pra existir?
Quantos “eus” podemos criar em uma mesma tarde?
Quantas lágrimas são derrubadas no fim de cada sorriso?

Ela não sabia. E por um momento, parou de se perguntar. Já doía demais.

Até que depois de ter um almoço, nunca antes tão dificil de ser ingerido, ela resolveu caminhar.

Começou a caminhar lentamente, em direção ao parque. Debaixo do sol, aquecia a alma. Depois de alguns minutos, deixou cair a mochila sobre a calçada. Dentro dela, tinham os seus sonhos, desejos e muitas dificuldades que vinha carregando nos últimos tempos.

Sonhos de aser alguém, este alguém que crescia ao ler poemas e morria um pouco depois de cada aula acabada.

Desejos que guardava, escondidos. Tinham palavras secretas ali, que ela codificou para tentar esquecê-los. Também outras palavras para confundir a si própria.

As dificuldades, negras e pesadas, já aumentavam com o tempo. Vinham de todos os lados, se misturavam e criavam laços, que se tornaram dificeis de se desfazerem.

Deixou a mochila na calçada. Caminhava apenas com a alma, sendo apenas um peso sobre seus pés. Um peso que sentiu pela primeira vez na vida. Continou caminhando, carregando apenas a si... sempre em frente. Sem pressa, sem contar os passos e o tempo, sem pensar, sem... vazia!

Assim vazia, se entregou.
Deixou pra trás tudo o que os anos lhe trouxeram e só daquela vez, ela conseguiu voar.

Fechou seus olhos, suspirou e jogou-se.
Voou rápido, sentiu um frio na barriga e tudo acabou.

Ela conseguiu voar, sem ter nada no pensamento.

Descobriu no último minuto, o que foi a felicidade vazia.”

Saturday, June 6, 2009

Serendipidade Divina

À medida que ela se deitava, seis fonts de luz fraca emergiram do nada, no meio do ar, à volta da cama. O quarto iluminara todo, levemente. As sombras fantasmagóricas dos corpos parados da mobília, rodeado por um azul forte, eram agitadas por ondas maritimas de intensidade. Os pequenos sóis azuis dentro do quarto eram disturbados da sua perfeita forma esférica por protuberâncias borbulhantes, subtis e belas, que as ia alimentando.

As esferas, como que mergulhadas por um líquido denso e escorregadio, iam aumentando vagarosamente, enquanto que a sua cobertura fluída ia ganhando forma humana. Quando as seis figuras etsavam completamente formadas, foram encobertas por uma película feita a partir do liquido gelatinoso que envolve as ainda visiveis esferas. As seis olharam docemente para o insciente copro enrolado nos lençõis, ao mesmo tempo, e um par de belas asas cresceram em cada um deles subitamente.

As angélicas asas cresceram tão repentinamente que algumas penas que as envolviam soltaram-se e esvoaçavam pelo quarto. A luz da lua cheia envolvia-as numa junção das duas luminosidades. As pequenas penas, belas na sua solidão, eram pirilampos azuis mínimos, enchendo o quarto com uma divindade inútil, impartilhavel para já com a inocente criança deitada na cama.

A criança mexeu-se, incomodada, afastando os lençóis envolvidas no mar do gracioso azul, para voltar a deitar-se em cima dela, agora banhada pela luz.

A criança já não conseguia dormir devido ao calor. Um dos anjos deixou cair uma lágrima ao ver a criança na sua plenitude física. Olhou para os outros, comunicando o desejo de não a ver sofrer. O anjo que transportava a espada desembanhou-a e num golpe súbito, fez passar a lâmina de luz pelo corpo da criança. Ela deixou imediatamente de se mexer.

Os seus olhos vazios começaram a chorar lágrimas azuis. Lágrimas que, em vez de escorrerem pelo rosto, pairavam no ar, imunes as leis da física. Depois da crinaça chorar tudo, as pequenas bolas de água luzidia juntaram-se numa maior, que depois ia crescendo.

Passando um pouco, um anjo nascera. Abriu a boca para fazer milhões de perguntas, mas todas foram respondidas antes que um som fosse formado. Ela baixou a cabeça para o chão, encolhendo as suas belas asas. O anjo mais próximo pos-lhe uma mão no ombro, a cirança anjo olhou-o com um misto de compreensão total e tristeza. Os sete abriram os braços para cima, abriram as asas e, olhando para o tecto, subiram para as estrelas.

A figura que chorara olhou para baixo a tempo de ver o padrasto entrar no quarto. Vinha cambaleando, saltando violentamente para cima do corpo imóvel da criança, transformando a divisão num inferno. Pegou nela bruscamente, em busca de um vida que pudesse violar. Viu que estava morta. Mas mesmo morta, ele tirou-lhe as calças.