Saturday, June 6, 2009

Serendipidade Divina

À medida que ela se deitava, seis fonts de luz fraca emergiram do nada, no meio do ar, à volta da cama. O quarto iluminara todo, levemente. As sombras fantasmagóricas dos corpos parados da mobília, rodeado por um azul forte, eram agitadas por ondas maritimas de intensidade. Os pequenos sóis azuis dentro do quarto eram disturbados da sua perfeita forma esférica por protuberâncias borbulhantes, subtis e belas, que as ia alimentando.

As esferas, como que mergulhadas por um líquido denso e escorregadio, iam aumentando vagarosamente, enquanto que a sua cobertura fluída ia ganhando forma humana. Quando as seis figuras etsavam completamente formadas, foram encobertas por uma película feita a partir do liquido gelatinoso que envolve as ainda visiveis esferas. As seis olharam docemente para o insciente copro enrolado nos lençõis, ao mesmo tempo, e um par de belas asas cresceram em cada um deles subitamente.

As angélicas asas cresceram tão repentinamente que algumas penas que as envolviam soltaram-se e esvoaçavam pelo quarto. A luz da lua cheia envolvia-as numa junção das duas luminosidades. As pequenas penas, belas na sua solidão, eram pirilampos azuis mínimos, enchendo o quarto com uma divindade inútil, impartilhavel para já com a inocente criança deitada na cama.

A criança mexeu-se, incomodada, afastando os lençóis envolvidas no mar do gracioso azul, para voltar a deitar-se em cima dela, agora banhada pela luz.

A criança já não conseguia dormir devido ao calor. Um dos anjos deixou cair uma lágrima ao ver a criança na sua plenitude física. Olhou para os outros, comunicando o desejo de não a ver sofrer. O anjo que transportava a espada desembanhou-a e num golpe súbito, fez passar a lâmina de luz pelo corpo da criança. Ela deixou imediatamente de se mexer.

Os seus olhos vazios começaram a chorar lágrimas azuis. Lágrimas que, em vez de escorrerem pelo rosto, pairavam no ar, imunes as leis da física. Depois da crinaça chorar tudo, as pequenas bolas de água luzidia juntaram-se numa maior, que depois ia crescendo.

Passando um pouco, um anjo nascera. Abriu a boca para fazer milhões de perguntas, mas todas foram respondidas antes que um som fosse formado. Ela baixou a cabeça para o chão, encolhendo as suas belas asas. O anjo mais próximo pos-lhe uma mão no ombro, a cirança anjo olhou-o com um misto de compreensão total e tristeza. Os sete abriram os braços para cima, abriram as asas e, olhando para o tecto, subiram para as estrelas.

A figura que chorara olhou para baixo a tempo de ver o padrasto entrar no quarto. Vinha cambaleando, saltando violentamente para cima do corpo imóvel da criança, transformando a divisão num inferno. Pegou nela bruscamente, em busca de um vida que pudesse violar. Viu que estava morta. Mas mesmo morta, ele tirou-lhe as calças.

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