Thursday, May 28, 2009


Armazenar luz e solidão nos recantos mais fugazes do corpo. E o silêncio, o silêncio como os ossos quando não rangem. Quando não nos sabem dizer que o tempo nos interpela, que nos pede que a vida seja mais… e mesmo assim nos ordena que não sejamos ninguém.

Quando a mão pousou sobre o corpo, nada mais se pode ouvir, porque tudo o que ela soube fazer; foi tocar:

A luz no escuro… a luz que não penetra na escuridão, quando a escuridão me preenche como um todo e mesmo assim eu tento. Mesmo assim eu grito como se tivesse voz!

A mão que fala sem que lhe dêem voz e percorre o corpo. A voz que preenche as curvas feitas de vazio e pele. As curvas que antes sabiam falar…

Quando dentro de mim nada mais pertence; só aí poderei ser livre de mim. Só aí ao sucumbir ao deserto de um outro corpo que não seja o meu.
O joelho que se entrelaça na perna… um corpo que se encosta ao meu.

Amanhã não posso dormir tanto. Amanhã tenho que trabalhar mais...

Uma mão que não sabe quem sou e mesmo assim rouba de mim o que lhe deleita a voz. A voz que não tem.

Tenho as compras… tenho as contas para pagar…
Um boca que me beija a pele, uma pele que se arrepia na minha.

E mesmo assim não sou tua… amanhã talvez eu possa esquecer. Talvez eu me esqueça de como me preenche o calendário. De como se afogam os dias em mim sem que eu os saiba viver.
Um corpo sobre o meu, e apenas o peso. Uma voz que me pede e fala e diz;
...


... e eu não sei ouvir.

Amanhã talvez não doa tanto. Talvez se eu tentar… se continuar a tentar…

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