Wednesday, November 18, 2009

Sofá


Tu estás aqui sentado neste sofá, aconchegado mesmo ao meu lado, estamos encostados no braço, as nossas pernas estendidas pelo resto do sofá e tu encurralas-me contra as costas, como é bom este suave e feliz aperto.
Estás vestido com a roupa que chegas-te, as tuas calças de ganga e a tua camisola listada, negra e cinza, os teus cabelos arranjados de forma a parecerem despenteados, nada em ti parece confortável. Enquanto isso, eu pareço gritar conforto do fundo dos meus pulmões, vestida com este camisolão de lã grossa que me chega a meio das coxas com meias também de lã que me chegam aos joelhos. Mas apesar de tudo tu transpiras relaxamento para mim. Fazes-me sentir tão bem perto de ti…
Tocas-me terna e docemente, os teus pés descalços roçam nas minhas pernas e com eles desces as meias de modo a tocares nelas. As tuas mãos envergonhadamente sobem pelas minhas largas mangas e deslizas os teus dedos num movimento de mar nos meus braços. Um simples toque teu deixa-me toda arrepiada, sentir a tua pele a tua proximidade desta maneira enlouquece-me de prazer. Mas tu não fazes nada de mais, apenas me tocas suavemente, quase como a tentar-me, mas sem o fazeres realmente, apenas o fazes porque sim.
Uma música qualquer toca na aparelhagem e tu movimentas-te de acordo com a melodia quase como hipnotizado, enfeitiçado pelos sons, pelo incansável ritmo que define a beleza dessa banal mas linda música. Eu simplesmente mexo no meu cabelo brincando com os meus caracóis como sempre faço e inesperada mas ternamente, sinto os teus lábios tocando quase acanhadamente o meu pescoço e toda a minha pele se arrepia e treme suavemente. Dás pequenos mas doces beijos por todo o meu pescoço, no meu ombro e na parte do meu peito exposto pela camisola, não tens medo da minha rejeição mas também não a dou.
Sei que não o queres fazer, eu também não. Mas sem intenção pareces secretamente desejá-lo. Eu desejo ficar assim para sempre, estar aqui bem ao teu lado e tu tocando terna e eternamente, desejando o que não queres, querendo o que realmente não esperas apenas existir assim um bem perto do outro.
Entrelaças a tua mão na minha lentamente. Pareces querer descobrir como a mão funciona, como se dobra com essa tua propositada lentidão. Espero que acabes de me explorar envergonhadamente. Facilmente coras, tal como fazes agora, e reparas como que de surpresa o que estavas a fazer, e o que poderia parecer, então coloco a tua cabeça no meu ombro, isso parece acalmar-te. Pareces relaxado mas estás nessa posição quase precária, basta um toque para te deitar abaixo do sofá, um toque e tu desfazes-te e apesar de tudo, infantilmente adormeces a meu lado como se de um sonho tudo se trata-se.

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