Wednesday, September 23, 2009

Chuva...


Quando acordou nesse dia não poderia imaginar o que se passaria. Como todas as manhãs foi tomar banho com os seus champôs florais favoritos. Secou-se e penteou os seus longos cabelos loiros e prendeu um passador com uma borboleta negra. Vestiu o seu leve vestido branco de alças e com rendinhas.
Ao sair de casa para aquele dia enublado e frio de Inverno, a sua avó reclamava com o que ela vestia mas ela nem deu importância e pegou na sua sombrinha branca de rendinhas e foi caminhando, dançando, para a sua escola, a escola secundária de sunnyvile. A caminho da escola ela via ao longe a prisão construída recentemente, que reunia alguns dos criminosos mais perigosos, que expelia por uma enorme chaminé uns vapores vermelhos que se alastravam pelo céu tingindo as nuvens.
Sim. Definitivamente. O vermelho era uma boa cor.
Mas apesar de tudo ela não gostava daquela prisão, do seu significado. Era um mau sinal para a sua cidade, tornava-a um sítio pior pelo menos para ela. Coitadas das pessoas que passavam lá o seu tempo, todos os criminosos, os assassinos, os torturadores, os violadores. E ainda por cima tinha muito mau aspecto.
Já estava perto do centro da cidade e ainda via aquele edifício feio e a sua horrível chaminé. A medida que passava toda a gente olhava para ela, devido á sua indumentária, mas ela nem se apercebia, era bom não ter essa noção.
De repente ela sentiu algo, através da sua linda sombrinha. Demorou algum tempo até se perceber do que se tratava, mas mesmo assim foi das primeiras pessoas a aperceber-se.
Estava a chover. Sim, estava.
Ela não queria acreditar. Depressa as pessoas partiram em debanda, gritando e correndo e empurrando e puxando e fugindo. As pessoas criavam um pandemónio. Mas ela não queria saber, porque…
Chovia… Sim, chovia….
Ela ali no meio, vestida de branco, rindo e rindo, rodando e rodando. Estava feliz, estava alegre, pois o seu sonho se concretizara, o maior desejo de todos estava a acontecer, a ser realizado, mesmo em frente dela. E tudo por causa daquele horrível sitio, com aquela horrível chaminé, que agora ela passara a adorar, a amar verdadeiramente. Aqueles lindos vapores tornaram tudo possível.
Que lindo… Que belo… Que poético…
E ela dançava e pulava e rodopiava e banhava-se e deleitava-se.
Sim, definitivamente o mundo poderia tornar-se um lugar melhor. Sim, certamente poderia, porque…
Chovia… Chovia Sangue…

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